A Verdade Sobre o Padrão - parte I

Desde que a deixei, não houve um dia em que eu não tenha pensado nela. Mesmo assim, depois de tanto tempo, eu não poderia lembrar exatamente como ela era. Ela passou a ser pra mim o que eu idealizava que ela era. Era, pois ela está morta.

Eu estava saindo de algum lugar, puxei uma porta de correr para a direita e ao que a porta correu eu me assustei, antes mesmo que eu a pudesse ver completamente:

- Mas...

Eu não sabia o que dizer, eu não tinha o que dizer, ela estava morta, mas estava ali. Como? Será que de tanto desejar que estivesse viva, minha mente passou a me pregar peças? Depois de um ou dois segundos de espanto, eu a abracei tão forte que pude lembrar da densidade da pele dela e perceber que era igual, o aroma do shampoo que ela usava estava lá, a textura dos cabelos e a voz, eu sentia o timbre dela vibrar na minha pele.

- ... Como?

Eu não entendia e queria entender, mas não importava, ela só olhou pra mim, rio e disse:

- Depois.

Dali pra frente, não importaria o que ela dissesse, eu acreditaria e seguiria a risca. Nós caminhamos um pouco pela rua, até a minha casa, já no pátio de casa, no sentamos. Eu ficava olhando pra ela, observando e testando minhas lembranças, pra ver se estavam certas e se não, corrigi-las para que quando ela não estivesse comigo eu não tivesse que reinventar o que eu eu havia esquecido.

(continua)